NOSSA VIAGEM MISSIONÁRIA

Somos privilegiados pela benção de ter conhecido Angola e os irmãos da UEBA (União Evangélica Batista em Angola). Deus nos enviou com sua mão poderosa àquele país para uma tarefa que apenas começou.Tudo que vimos e ouvimos ficará no nosso coração pra sempre. Por muitos dias após nosso retorno ao Canadá, só pensamos em Angola; parece que ainda ouvimos as flautas, os corais, os louvores, a até o barulho do trânsito nas ruas. Aprendemos muito com os irmãos angolanos. Decidimos ajudar e fomos ajudados. Pensamos em ensinar e aprendemos muito. A alegria, o louvor, o carinho e a disposição de servir dos angolanos são contagiantes.

Os testemunhos que ouvimos de alguns anciãos e pastores acerca do que passaram durante a guerra, nos fez chorar e nos moveu a fazer algo que perdure para outras gerações. A pedido dos pastores de lá, comecei a trabalhar na preparação de um livro sobre a sobrevivência da igreja de Cristo em Angola durante os anos da guerra civil. São muitos depoimentos e testemunhos tão distantes do nosso contexto frio e comodista, e tão próximos do poder miraculoso de Deus!

As irmãs angolanas são heroínas. Heroínas de guerra. São guerreiras. Lutam pela igreja do Senhor e pela própria sobrevivência em condições totalmente adversas. Elas estão no nosso coração e decidimos que faremos alguma coisa por elas, se o Senhor permitir. Temos profunda gratidão especialmente por Madalena, Macaia, Mafuta, e Josefina que se dedicaram com tanto carinho a nos receber. Alguns irmãos se destacaram também na disposição de servir: Cláudio, Antonio e Silva, principalmente.

Minha grande admiração pelos pastores da UEBA. Varões de Deus! Homens de fé e visão. A grande maioria trabalha incansavelmente, sem salário da igreja, em jejum e oração para tornar o reino de Deus conhecido entre seus irmãos. Somos gratos ao Pastor Filó Felipe pela dedicação total durante 20 dias. Também ao Pastor Kiala, Pastor Ramos, Pastor Dilubanza, Pastor Vununa Pedro e outros.

Os jovens! Além de fortes, os jovens angolanos são famintos do Pão do Céu, e da Palavra de Deus. São sedentos da Água Viva. São inteligentes, carinhosos, e sonhadores. Nunca pensei que um dia falaria por 3 horas sem intervalo a jovens! Deus já havia preparado tudo antes mesmo de ser convidada pra falar. Minha admiração e palavra de estímulo para Higídio, Madaleno, Mateus, Clemina, Luíza, Pedro, e muitos outros que não me recordo agora.

Impossível relatar tudo que vivemos nestes 20 dias. Fiquei desejosa de ajudar a escola da UEBA na formação de tantas crianças e jovens. Oro que o Senhor ainda me conceda esta benção. Temos falado sobre Angola em toda oportunidade. Vocês serão um exemplo aonde formos. Deus os abençoe ricamente.

Finalmente, uma palavra de gratidão à maneira carinhosa como fomos recebidos na casa do Cláudio, Madalena, Pedro, Luíza e Olívio. Deus os recompense. Obrigado, UEBA.

No amor do Senhor,

Daisy e William

PROJETO ANGOLA

Com certeza, tudo começou no coração de Deus. Ele mesmo se encarregou de fazer com que tudo contribuísse para o início da realização do seu plano e vai se encarregar da continuação. Deus chama pessoas diferentes, em cir­cunstâncias diferentes, em idades diferentes para ministérios diferentes. Biblicamente, algumas pessoas que declararam ‘eis-me aqui’ ainda passaram por um longo preparo – 3 anos… 40 anos… Bem, o Senhor tem o tempo dele para cada um. No meu caso, foram muitos anos. Aos 60 anos, eu e meu esposo demos início ao Projeto Angola, que só Deus sabe aonde vai chegar.

Visitamos o Canadá no ano 2000 e voltamos como imigrantes com toda a família no ano 2003. Éramos cinco: William, Daisy, William Junior, Wilde Arthur e Will Jesse.  Nossos filhos começaram a andar com as próprias pernas, deixaram o ninho vazio, muita saudade e, hoje, só eu e meu esposo residimos em Toronto. No ano em que chegamos, comecei um trabalho voluntário de tradução de livros de histórias da Bíblia, para o ministério Bible Stories Alive, que se prolongou por 12 anos. A maioria dos livros eram enviados para Angola. Assim nasceu um grande amor por Angola em meu coração. Com o tempo, fui entendendo que Deus tinha uma missão especial pra mim em Angola.

Comecei a me preparar para a viagem, sem a mínima idéia do que aconteceria e como seria. Quando algo nasce no nosso coração, e já estava no coração de Deus, Ele usa todos os meios para confirmar, firmar, prover e realizar o seu plano. Depois de dois anos de preparação e mais um ano de espera pela aprovação do visto, a Igreja Vida Nova (a nossa igreja atualmente), e mais alguns irmãos da Igreja Batista em Oakville, ambas no Canadá, proveram os recursos para a viagem que durou 32 horas. O visto saiu a menos de 24 horas antes da viagem. Haja coração! Em princípio, meu filho Jesse iria comigo, mas com a demora da aprovação, as coisas mudaram e fomos eu e meu esposo.

O clamor de Angola, e principalmente das irmãs, era por alguém para ajudá-las com habilidades que lhes proporcionasse uma melhor qualidade de vida. Isso também é fazer Missões. Devido ao alto nível de analfabetismo, desemprego e falta de infa-estrutura no país, a carência se estende a muitas áreas na vida diária dos angolanos.

No aeroporto em Luanda, fomos surpeendidos por um lindo coral feminino e vários pastores que nos aguardavam. Ao chegar ao local onde ficaríamos hospedados, outra surpresa: a dona da casa vestia uma camisa com o nome da nossa igreja. Coisas de Deus. Quando há tempos atrás, mandamos algumas roupas para Angola, nunca imaginamos que iria parar nas mãos da senhora que nos hospedaria 3 anos depois. Muitas vezes, Deus se revela através de pequenas coisas para quem estiver atento. Naquele momento tenso da chegada, vi a mão de Deus neste pequeno fato dizendo “Não temas, eu já estava aqui antes de vocês chegarem.”

  Madalena              coral

Chegamos num domingo à tarde e fomos imediatamente para a igreja. A fome também chegou, mas não encontramos quase nada pra comprar por perto pra comer. Embora haja alguns bons supermercados em Luanda, o preço, as distâncias e o perigo de contaminações nos forçaram a fazer um ‘regimezinho’ por 20 dias. Bom demais! E graças a Deus por haver latas de sardinha. As próprias irmãs angolanas não nos aconselhavam comer o alimento preparado por elas e nem beber água em Angola para evitar surpresas desagradáveis. O mínimo que poderia acontecer, seria uma forte diarréia não tão simples como as que temos aqui. Vários irmãos já passaram por isso em viagens missionárias. Compramos imediatamente um carregamento de água mineral que usávamos até para escovar os dentes. Mas deu tudo certo e como o Senhor planejou.